A Summa Theologica de São Tomás de Aquino é um monumento da teologia e da filosofia, um guia seguro para a fé cristã. A Questão 21, dedicada à "Justiça e a Misericórdia de Deus", é um ponto crucial para entendermos o caráter divino e a forma como Deus se relaciona com a humanidade, especialmente diante do pecado. Em um mundo sedento por justiça, mas muitas vezes incapaz de oferecer misericórdia, a doutrina tomista sobre a Justiça e a Misericórdia de Deus oferece um caminho para a esperança, o perdão e a restauração. Esta resenha catequética visa aprofundar nossa compreensão dessa questão, explorando suas ideias principais, suas influências na formação cristã e sua relevância no contexto contemporâneo, oferecendo uma análise rica, reflexiva e catequética.
Tomás de Aquino inicia a Questão 21 investigando a relação intrínseca entre a justiça e a misericórdia em Deus. Ele afirma que Deus é, simultaneamente e em perfeição, justo e misericordioso. Longe de serem opostos, esses atributos divinos se complementam e se manifestam em harmonia na ação de Deus. Para Tomás, a justiça é a virtude que inclina a dar a cada um o que lhe é devido, enquanto a misericórdia é a compaixão que sente pela miséria alheia.
A primeira objeção que Tomás enfrenta é a de que a misericórdia parece diminuir a justiça, pois a misericórdia atenua a aplicação da lei e, assim, parece favorecer o culpado. Tomás responde que a misericórdia, na verdade, não diminui a justiça, mas a eleva e a aperfeiçoa. A justiça, sem a misericórdia, pode se tornar fria e implacável. A misericórdia, ao suavizar a justiça, torna-a mais humana e compassiva, revelando a plenitude do amor de Deus.
A segunda objeção argumenta que a justiça e a misericórdia, sendo atributos tão diferentes, não poderiam coexistir em um Ser simples como Deus. Tomás rebate essa objeção afirmando que a justiça e a misericórdia, em Deus, são manifestações da Sua única e indivisível essência. Deus é justo ao ordenar o mundo de acordo com a Sua sabedoria, e é misericordioso ao oferecer o perdão e a salvação àqueles que se arrependem.
A terceira objeção questiona se a justiça e a misericórdia são compatíveis com o sofrimento no mundo. Se Deus é justo e misericordioso, por que permite o sofrimento? Tomás responde que o sofrimento, embora seja um mal em si mesmo, pode ser usado por Deus para alcançar um bem maior. O sofrimento pode ser um meio de purificação, de aprendizado e de crescimento espiritual. Além disso, o sofrimento de Cristo na cruz é a prova máxima do amor e da misericórdia de Deus, pois Ele assumiu sobre Si os nossos pecados para nos libertar da condenação.
Tomás destaca que a misericórdia é, de certa forma, a plenitude da justiça. Ao perdoar o pecador arrependido, Deus não está simplesmente ignorando a justiça, mas sim realizando uma justiça superior, que leva em conta não apenas a transgressão, mas também o coração contrito e o desejo de reparação.
A doutrina da Justiça e da Misericórdia de Deus tem profundas implicações para a formação cristã. Em primeiro lugar, ela nos convida a buscar a Deus em espírito e em verdade, reconhecendo a Sua santidade e a Sua bondade.
Em segundo lugar, ela nos inspira a viver de acordo com os ensinamentos de Jesus Cristo, que nos revelou o rosto misericordioso do Pai. Jesus nos chamou a amar os nossos inimigos, a perdoar as ofensas e a praticar a caridade para com todos.
Em terceiro lugar, ela nos encoraja a confiar na Providência Divina, mesmo em meio às dificuldades e aos sofrimentos da vida. Deus, em Sua infinita sabedoria, sabe o que é melhor para nós e jamais nos abandona.
A doutrina da Justiça e da Misericórdia de Deus continua sendo de grande relevância no contexto contemporâneo, marcado pela polarização, pela violência e pela falta de perdão. Em um mundo onde se busca a justiça a qualquer custo e se ignora a necessidade da misericórdia, a doutrina tomista nos oferece um caminho para a paz, a reconciliação e a esperança.
Ela nos lembra que a verdadeira justiça não se limita à punição do culpado, mas busca também a restauração da vítima e a reconciliação entre as partes. Ela nos convida a perdoar os que nos ofendem, a amar os nossos inimigos e a construir uma sociedade mais justa e fraterna.
Além disso, a doutrina da Justiça e da Misericórdia de Deus nos ajuda a enfrentar os desafios da vida com fé e esperança, sabendo que Deus está sempre conosco e que o Seu amor é infinito.
A relação entre a Justiça e a Misericórdia de Deus e o Sacramento da Reconciliação: Como o Sacramento da Reconciliação manifesta a Justiça e a Misericórdia de Deus? O sacramento nos oferece o perdão dos pecados, restaurando a nossa comunhão com Deus e com a Igreja.
O papel da oração na busca pela Justiça e pela Misericórdia: Como a oração nos ajuda a sermos justos e misericordiosos? A oração nos une a Deus e nos abre à Sua graça, transformando o nosso coração e nos tornando mais semelhantes a Cristo.
A importância do testemunho cristão na promoção da Justiça e da Misericórdia: Como podemos testemunhar a Justiça e a Misericórdia de Deus no mundo? Através das nossas palavras e das nossas ações, buscando o bem comum e defendendo a dignidade de toda pessoa humana.
Finalmente, a Questão 21 da Summa Theologica, dedicada à "Justiça e à Misericórdia de Deus", é um convite à conversão e à santidade. Ao explorar a natureza da Justiça e da Misericórdia Divinas, São Tomás de Aquino nos oferece uma compreensão mais profunda do mistério de Deus e do nosso relacionamento com Ele. A doutrina da Justiça e da Misericórdia tem implicações práticas para a nossa vida diária, convidando-nos à oração, à caridade e ao testemunho. Em um mundo marcado pela divisão e pelo ódio, ela é a nossa esperança e o nosso guia. Portanto, esta questão não é apenas um exercício intelectual, mas um chamado à transformação espiritual e a uma vida de comunhão com o Deus que é Amor. A Justiça e a Misericórdia de Deus são o caminho para a paz e para a felicidade eterna.
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